Como Se Fosse a Primeira Vez - Raul Minh'alma 💛
Sinopse
"De coração partido depois de perder a avó, Aurora decide viajar até à vila costeira onde viveu os melhores momentos com ela. Por ironia do destino, a sua chegada coincide com o início do festival da região, que celebra a memória dos que já partiram. Apesar da dor, durante aquela semana de eventos e festejos, começa uma única e inesquecível história de amor com Lourenço, um rapaz misterioso que não tinha intenções de se apaixonar.
Seis anos depois, Aurora e Lourenço descobrem que vão ser pais. Além de a gravidez não ter sido planeada, são confrontados com outros desafios inesperados. Será a relação deles suficientemente forte para ultrapassar os medos e as mudanças que se avizinham? Como fica o amor de um casal depois do nascimento do primeiro filho?"
Opinião
História a dois tempos: adoro! Sabem aquela sensação de esta a ler um livro, mas com a sensação de serem dois? Fez-me manter sempre a atenção e o interesse para tentar encontrar, ou imaginar onde aquelas duas histórias iam parar. Super bem conseguido, tornando o livro muito fácil e atrativo de ler. Leitura compulsiva é aquilo que tem acontecido comigo quando leio livro do Raul Minh'alma. Começo a ler e tenho de me obrigar a parar para não ler o livro todo num dia só. Esperamos o ano todo pelo lançamento do novo livro para depois consumirmos tudo em algumas horas?Não. Gosto de fazer render a leitura um pouco mais. Com estes livro é difícil isso não acontecer.
Aquilo que mais adoro em todos os livros deste autor é a abordagem de temas que nos são familiares a todos. São circunstâncias que geralmente nos tocam muito por já terem acontecido na nossa vida. É difícil ler e não fazer uma certa comparação connosco. Quando isto acontece acaba sempre por relembrar de que somos todos iguais, e os problemas que achamos serem só nossos, são questões que assombram a vida de cada um dos seres humanos. É tão redutor, mas tão real, por isso tão fantástico. Temos todos os mesmos problemas, sabemos as soluções para os mesmos, mas não as pomos em prática na grande maioria das vezes. É estranho certo? Mas é a vida a acontecer!
Morte de familiares:
O desaparecimento de um familiar é o fim de um ciclo sempre. Já falei sobre isso aqui algumas vezes. São momentos que nos levam ao limite, que nos tornam mínimos. Mas muitas vezes são essas alturas que servem de trampolim para saltarmos alto atrás dos sonhos. A sensação de finitude faz-nos querer viver mais e melhor. A Aurora vai à procura de respostas quando perde a avó. Vai à procura de realizar um sonho, mas acaba por concretizar outro. Os tais planos que a vida já tem preparado para nós.
A opinião que os outros têm sobre tudo:
Sabem aquelas pessoas que têm opinião sobre tudo, mas que pior, fazem questão de a dar sem que ninguém tenha pedido, ou tenham intimidade suficiente com a pessoa para isso? Ah, sabem de certeza! Não falo de comentários construtivos, positivos, dados de uma forma que nos faz abrir os olhos. Falo daqueles que nos fazem, e aos quais ficamos sem resposta, e uns minutos depois aquilo fica ali uma ferida como de alguém tivesse dado uma facada e tivesse ido embora. Detesto. É que eu nunca tenho resposta. Fico só parva com a situação e congelo. Chego a irritar-me comigo mesma por não ter respondido. A gravidade da questão vem quando aquilo nos afeta. Quando ficamos a pensar naquilo até ao fim do dia, com a sensação de que somos realmente um lixo. Isso é tão mau.
No que toca a gravidezes, bebés, filhos, este assunto é só a cena mais badalada. Não sou mãe, não passei nunca por isto, mas é fácil de perceber, pelas redes sociais, essencialmente, a pressão que as mulheres sentem nesta fase da sua vida. "Vais ficar uma baleia", "eu não fiz assim, fiz melhor", "se fizeres isso vais prejudicar o bebé", "chagando àquela idade, ele já não pode fazer mais isso", tretas, tretas, tretas. Até quando as pessoas vão achar que somos todos iguais, e que só existe uma forma certa de fazer determinado coisa? Tudo errado! Tampões nos ouvidos, é a única solução! Ou então não vão à tal reunião de família, como deveria ter feito a Aurora.
Invasão da rotina à nossa vida familiar:
Quem nunca sentiu a rotina a roubar o nosso espaço/tempo? Eu acho que todos já sentimos isso. Chegar ao trabalho e pensar "eu já estou aqui outra vez?", "parece que saí daqui ainda agora". Mas quando isso nos afasta da nossa família é grave. Devia de existir alguma "sirene de alerta" quando isso começa a acontecer na nossa vida, porque por vezes o afastamento é tanto que já não há volta a dar.
O valor que damos a tudo o que já não temos:
Este é outros dos temos abordados no livro, e que mais uma vez já todos passamos por isto. Podía partir para temas "radicais", mas vejo isto de uma forma mais simples: saudades da infância. É impagável aquilo que sentimos sobre a nossa infância, partindo do principio que foi uma infância tranquila, normal. Lembram-se de querermos muito ser "grandes", a alegria gigante de fazer anos e ser um ano mais velha? O que pensam disto agora? Eu digo-vos: eu só queria estar lá atrás mais um bocadinho. Era tão bom. Na altura não dávamos valor, mas agora...se pudéssemos voltar...
Geralmente é isto que acontece na nossa vida quando deixamos que a rotina invada a nossa vida e perdemos as pessoas que temos por perto, que são geralmente aquelas que mais amamos. Damos valor, mas só depois da rutura. Dói quando já só existem as recordações e a saudade.
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